Redes?! O que faço eu com isso?

Redes?! O que faço eu com isso?

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Este artigo Alphalink é o seguimento de A importância das redes, O que é a força dos elos? e A importância dos elos fracos nas nossas vidas.

Neste artigo apresento algumas ideias sobre as relações fracas. Sublinho que são pensamentos meus, ideias soltas e considerações que não foram testadas nem comprovadas de forma sistemática –food for thought, digamos.

Vivemos em rede, estabelecemos e mantemos relações, umas fortes e outras fracas. Sabemos também que a força das relações fracas é fortíssima.

Algumas considerações a este respeito:

i) A força dos elos fracos decorre de um fenómeno estatístico. O potencial de impacto de qualquer uma dessas relações nas nossas vidas é muito baixo, mas como conseguimos manter muitas relações fracas, a probabilidade de sermos fortemente afetados por uma delas é elevada.

ii) A maior parte das vezes que uma relação fraca é mobilizada – ou que dá o nosso contacto alguém, ou que nos refere, ou que nos contacta por algum motivo – isso acontece independentemente da nossa vontade. Por vezes podemos ser nós a tomar a iniciativa de mobilizar esse contacto, mas a força das relações fracas vem da sua capacidade de mobilização espontânea, quando menos esperamos.

iii) As relações fracas têm um maior potencial de mobilização por questões positivas do que negativas. Penso que seja mais provável alguém distante de nós referir-nos, lembrar-se de nós, apresentar-nos a alguém por razões neutras ou positivas do que por razões negativas. A probabilidade de um elo fraco ter um impacto positivo nas nossas vidas é superior, parece-me, do que o de ter um impacto negativo.

Resultam daqui boas e más notícias:

  • As más notícias são que, sendo um fenómeno estatístico, nós não sabemos nem conseguimos prever qual o elo fraco que nos irá afetar.
  • As boas notícias são que, contrariamente às relações fortes, nós conseguimos de facto estabelecer e manter muitas relações fracas.

Assim sendo, é uma boa prática cultivar as nossas relações fracas. Não digo que devamos transformá-las em fortes, nem que devemos andar por aí a semear cartões de visita na esperança de vir a colher proveitos futuros. Penso, no entanto, que devemos olhar para todas as pessoas com que nos relacionamos com consideração, simpatia, manter uma boa relação, responder quando somos solicitados e tentar ajudar quando possível.

Se deixarmos nas pessoas com que nos relacionamos uma boa impressão, um sentimento de simpatia, competência e disponibilidade; se mantivermos esses contatos, mesmo que através de uma mensagem esporádica, de um telefonema casual ou de um comentário simpático; se fizermos tudo isto estaremos a potenciar a nossa rede.

Como nota final, refira-se que nada do que se disse até agora retira força aos elos fortes. Os elos fortes existem, são importantes, manifestam-se e têm um impacto fortíssimo e constante em todas as áreas das nossas vidas.

O que digo não é para olharem só para os elos fracos, pois os fortes não interessam. Digo sim para olharem também para os elos fracos, pois não são só os fortes que interessam.

Jaime Quintas

Ilustração de Ana Salvado | Todos os direitos reservados

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