O risco é um fator transversal a todos os projetos, e é fundamental haver um entendimento básico do que é e o que podemos fazer para o gerir.
Neste artigo apresentamos alguns conceitos básicos, que iremos depois utilizar em muitos outros artigos.
Se a probabilidade de algo acontecer aumenta, o risco será maior. Se o impacto for maior, o risco será maior também.
Por vezes fala-se de riscos positivos ou oportunidades, que são aqueles em que o impacto é positivo. Vamos deixar este conceito de parte por agora pois, no que à gestão do risco de um projeto diz respeito, o foco está em evitar impactos negativos.
Então e o que podemos fazer para gerir o risco?
Boa pergunta!
São quatro os tipos de medidas que podemos ter em relação ao risco.
Imaginemos, a título ilustrativo, que pretendemos ir de carro de Lisboa a Madrid, e sabemos que existe o risco de o carro se avariar e ficarmos parados na estrada.
Podemos assim adotar um dos seguintes tipos de medidas (ou, claro está, combinação de várias):
Mitigar o risco
Trata-se de reduzir o risco. Para isso temos de reduzir a probabilidade ou o impacto.
No nosso exemplo, podemos escolher um carro melhor e mais fiável, com a manutenção em dia e em bom estado de funcionamento, reduzindo assim a probabilidade de avaria.
Podemos também contratar uma assistência em viagem internacional. Neste caso a probabilidade de avaria mantém-se, mas o impacto será menor, pois teremos alguém para nos apoiar e resgatar.
Em ambos os casos, reduzirmos/mitigamos o risco.
Evitar o risco
Evitar passa por adoptarmos um processo que reduza a probabilidade a zero.
No nosso caso, podemos ir de avião a Madrid, eliminando por completo o cenário de ficarmos parados no meio da estrada.
Conseguimos evitar um risco específico, mas não conseguimos evitar todos os riscos. Neste caso evitámos o risco de ficarmos parados na estrada, mas temos agora outros riscos diferentes, associados à viagem de avião.
Transferir o risco
Se pudermos enviar alguém a Madrid no nosso lugar, transferimos o risco, imaginando que a razão da ida a Madrid é algo que outra pessoa pode fazer por nós.
Já não corremos o risco de ficar parados no meio da estrada, mas quem for no nosso lugar está sujeito a isso.
A expressão “transferir o risco” apesar de ser comum na terminologia de gestão do risco, pode ser enganadora. O que nós transferimos não é verdadeiramente o risco, podemos sim transferir alguns dos impactos do risco.
No caso em apreço, podemos transferir o impacto da chatice de ficar parado na estrada, com tudo o que lhe está associado. Mas o impacto de a encomenda chegar atrasada a Madrid, imaginando que é uma encomenda, continua a existir e é nosso.
Um exemplo clássico de transferência de risco são os seguros – ao contratar um seguro, estamos a transferir o risco para a seguradora.
Mas, mais uma vez, a expressão pode induzir em erro. O que transferimos são alguns dos impactos. Ao contratar um seguro de vida, não transferimos para a seguradora o risco de morte. O que transferimos é algum do impacto financeiro de uma eventual morte.
A transferência do risco é um tema comum na negociação de contratos. Fala-se muito de, com um determinado contrato, passar o risco para a entidade contratada. Sublinhamos: na melhor das hipóteses transferimos parte dos impactos, não transferimos o risco propriamente dito.
Aceitar o risco
Finalmente, podemos sempre aceitar o risco. Sabemos que é um risco, mas aceitamos e prosseguimos com a ação em causa.
Todos os dias aceitamos imensos riscos e vivemos bem com isso, desde atravessar uma rua a andar de elevador.
E não nos podemos esquecer, claro está, que é fundamental Saber. Fazer. Acontecer.